Angustia-me, profundamente, a criação e a instalação de novas empresas de segurança. E policiais civis e militares trabalhando, em suas folgas nos serviços públicos essenciais do Estado, para empresas comerciais e industriais, numa verdadeira disfunção dos objetivos para os quais foram contratados. E o absurdo que os governos federal, estaduais e municipais (guardas municipais) comprometem para a manutenção desses serviços de segurança. São apenas paliativos que oneram fortemente as despesas de governo nos três níveis da administração brasileira. Esses investimentos não asseguram a integridade física dos cidadãos; justamente porque a raiz dessa brutal distorção social, cultural, econômica e financeira, que é o crime, está na inconseqüente concentração de renda do país, que é abissal. E enquanto não houver distribuição de renda, será ineficaz, e nem sequer adianta os governos comprometerem milhões e milhões de reais na instalação e ampliação dessas empresas e com o aperfeiçoamento, treinamento e reciclagem de pessoal das empresas privadas e dos órgãos de segurança porque o fundamento e a base do crime está, iniludivelmente, na concentração de renda e/ou na sua má distribuição. O crime é um fato social e sobretudo econômico, diversamente do que defendem segmentos notadamente de empresários, de políticos e de gestores públicos. Ninguém me convencerá do contrário. O crime, antes de ser um desvio de conduta, de má formação social de um cidadão, tem origem na concentração de renda, na pobreza. 10% (dez por cento) da população brasileira detêm 75% (setenta e cinco por cento) da renda nacional, enquanto 90% (noventa por cento), a maioria, possuem insignificantes 25% (vinte e cinco por cento) desse patrimônio. Precisa saber mais alguma coisa para contestar todos aqueles que entendem que o homem não nasce perverso, ruim, com conduta direcionada para o mal? 170 mil jovens entre 18 e 24 anos estão trancafiados no submundo dos presídios brasileiros.
A irresolução do problema de acúmulo de renda afeta diretamente os governos da União. Pois, exclusivamente políticas públicas permanentes e duradouras favorecem a extinção dessa distorção de natureza estritamente econômica. Precisamente porque propiciam a distribuição da renda. Mas, a sociedade, especialmente a classe A, os ricos, ou os demasiadamente ricos, devem ajudar na solução desse problema estrutural, se quiserem ter tranqüilidade de vida e manter seus fantásticos negócios. Somente terão a integridade dos seus patrimônios assegurados se minimizarem, pelo menos, o impacto, a inflexão, desse fenômeno, no arcabouço de toda a sociedade brasileira. Porém, o que se observa e se constata, lamentavelmente, pelos diagnósticos dos órgãos oficiais, que tratam dessa matéria, é o aumento avassalador da desigualdade de renda. Os ricos resistem a pagar pelo menos salários dignos aos seus funcionários/operários, embora saibam que o pagamento de bons salários é o maior fator de distribuição de renda. Contudo, enquanto isso, continua a lástima da concentração da riqueza centrada no egoísmo humano.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
CONCENTRAÇÃO E DESIGUALDADE DE RENDA
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