quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OS POLÍTICOS NÃO RESOLVEM TUDO

     Setores da sociedade civil ainda acham que os políticos resolvem todos os problemas. Enganam-se. Mas é muito difícil fazer com que compreendam contrariamente. Justo por tratar-se de composições sociais fragilizadas cultural e economicamente. São estratificações que foram apadrinhadas com “benefícios” concedidos pelos políticos em desrespeito ao estado de direito democrático ou ao ordenamento jurídico nacional. Ou quando, e houve essa época mesmo, em que os políticos resolviam tudo; porque as regras democráticas não existiam e/ou existiam sem os ditames atuais, sem a rigidez e a popularização do presente.
     Quando a política resolvia tudo, também não havia uma imprensa atenta, vigilante, investigativa, que denunciava, mesmo o mais poderoso e arrogante dos chefões. Não havia uma sociedade civil atuante, esclarecida, e mais educada. Todos tinham medo dos coronéis que controlavam a polícia, a justiça e a magistratura.
     As associações e sindicatos eram poucos e não repercutiam os seus direitos e deveres. Não havia um MST, por exemplo. Embora o deputado Francisco Julião e o padre Melo, em Pernambuco, revolucionaram os movimentos sindicais no estado mais politizado do Brasil, principalmente na zona da mata canavieira, fazendo uma verdadeira revolução social, com mudança de um paradigma político-social, ainda na década de 60/70.
     Os ministérios públicos federal e estadual existiam, contudo, não tinham a projeção, a visibilidade, a credibilidade e a atuação fecunda que possuem presentemente.
     As policias civil e federal, embora agentes de governo, despregam-se da instituição do Estado e desincumbem e/ou desempenham as suas funções independentemente da chancela do governante da ocasião. Democratizam-se.
     A Igreja Católica, historicamente muito acreditada, exceto no período da inquisição, também modificou sua orientação pastoral, desligando-se do estado, do poder econômico acentuado, de políticas mesquinhas, refundindo toda a sua ação nos movimentos sociais.
     A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, também de perfil então conservadora, realinhou os seus posicionamentos políticos e filosóficos, centrando-se, mais progressivamente, nas suas atuações constitucionais.      E abdicando da colaboração com o estado, defendendo mais agressivamente os movimentos sociais modernos.
     As associações de bairro, então inexistentes, que proliferaram (ou proliferam) dia-após-dia, desempenham função social, econômica e cultural equivalente à das ligas camponesas, do MST, dos Sindicatos Rurais..., com o ciclo de modernização do Brasil. Mesmo com a irresignação dos históricos movimentos conservadores, que querem o Brasil convivendo ainda com os padrões escravocatas e semi-feudais.
     Mas, para complementar, ou consolidar mais ainda esses movimentos sociais, a forte atuação das milhares de rádios comunitários ilegais, que enfrentam a Polícia Federal, o Ministério Público, o poder econômico das rádios legalizadas e a ineficiência do governo da União para não legitimá-las.
     Na verdade, apenas segmentos incultos e viciados da sociedade ainda pensam que o político resolve tudo. Embora diante do estado de direito democrático, com as leis, regendo o nosso destino em sociedade. A Constituição de 1988, talvez tenha sido o marco dessa história. É melhor assim, ainda que alguns insistam diferentemente.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SÍLVIO TRANSITA COMO CANDIDATO

     Sílvio Mendes (PSDB), prefeito de Teresina, ameaça ser candidato a governador do Estado do Piauí. Contudo, necessita desincompatibilizar-se do cargo. E ninguém acredita nessa sua decisão político-administrativa. O perfil histórico dos tucanos conduzem a essa certeza. Na capital, a agremiação é forte, entretanto, no interior, tem pouca densidade e visibilidade eleitoral, o que é um impasse à vontade de Sílvio.
     Outro obstáculo ao desejo de Sílvio é a pré-candidatura do senador João Vicente Claudino (PTB) ao governo. O senador é aliado do PSDB na prefeitura de Teresina, com a indicação do vice, Elmano Ferrer. Assim como João Vicente é também impasse à candidatura do prefeito de Teresina. Mantida a aliança, alguém deverá ser sacrificado. E, necessariamente, a eleição irá para o 2º turno. Justamente porque Wilson Martins não abrirá mão, notadamente quando é governador e pré-candidato; direito assegurado com o instituto da eleição.
     O prefeito Sílvio Mendes transita como se fosse candidato. Quer cooptar o desafinado e desunido PMDB. Antes, no entanto, deve resolver a pendência com o presidente do PRTB, empresário João Claudino, pai de João Vicente. Poderá obter o apoio de segmentos preponderantes do partido. Mas o governador Wellington e o Vice Wilson terão o apoiamento da maioria da agremiação. Com essa arregimentação de Sílvio, o pré-candidato do PMDB, deputado Marcelo Castro, escafedeu-se nas negociações. O partido continua refém do governo e das negociações, sem impor nada, porque está desunido.
     O PMDB, que perdeu o senador Mão Santa, sua maior liderança, que se filiou ao PSC, não terá candidato ao governo. Dividido, certamente, não indicará nem sequer o vice de uma das chapas majoritárias – Wilson, Sílvio, João Vicente e/ou Antônio Neto.
     O PT continua ameaçando que terá pré-candidato, desincompatibilizando-se ou não Wellington. É uma atitude demasiadamente precipitada do partido de Lula. E também o vice de Wilson não poderá indicar porque o futuro governador apoiará o atual governador na sua eleição ao Senado da República. E a vice governança será objeto de negociação com os demais partidos da base governamental, inclusive o PTB do senador João Vicente.
     Não acredito na renuncia do prefeito de Teresina. Os partidos e os políticos não gostam de aventuras. Não nos parece, mas são pragmáticos e cartesianos. E individualistas, e também, às vezes, corporativamente partidários. O PSDB do Piauí, ou primordialmente de Teresina, detém essas características mais arraigadas que as demais agremiações.
     Aguardamos, pois, ansiosamente, a decisão do PSDB para entregar Teresina ao PTB, ao PRTB e ao empresário João Claudino, fortalecendo-os assustadoramente. Ou se a família Claudino opõe-se ao esquema governista no próximo pleito. E pela primeira vez na história, embora os interesses do megaempresário. Eis aí, a confusão política piauiense na sucessão de 2010. Todavia, Wilson é a alternativa mais viável às múltiplas conveniências políticas, empresariais e familiares do Estado insofismavelmente.

VIVA NELSON MANDELA!

     Nem a prisão, durante 27 anos, abateu o seu ânimo. E 27 anos, o equivalente a 324 meses, 9.720 dias preso, acabam com a capacidade física e mental de qualquer um. Estiolam o ideal. Desestimulam as forças. Enrijecem o coração. Tornando o homem bruto, apático, desumano e irracional.      Poucos suportariam tão longo período trancafiado. E sabendo ter sido a sentença que o condenou abjeta de todo o ódio segregacionista jamais visto. Suportou a prisão, as humilhações e todo o rancor de uma casta social nacional e internacional que insiste em manter o mundo separado, dividido e segregado. E Nelson Mandela, embora presidiário, nos longos 27 anos, a tudo tolerou e vivenciou. E ainda teve o espírito elevado para negociar com os próprios brancos que o deploravam, em vista de sua defesa, pela extinção do regime do apartheid na África do Sul – a sua pátria amada.
     Preso. injustiçado. Humilhado. E arrostando para si todo o ódio do branco africano, Nelson Mandela não deixou transparecer possuir ressentimentos daqueles que o apedrejaram e suplantou tudo. Elegeu-se presidente da África do Sul numa negociação ampla, somente encontrada nos verdadeiros estadistas. E era um estadista na prisão. Agora, o mesmo estadista como chefe de Estado em seu país. Com extraordinário poder de conciliação, o estadista Mandela fará do seu país, mesmo encontrando tudo e todos destroçados, uma nação das mais prósperas do continente, retornando, então, à África para o seu lugar de proeminência naquela parte do mundo.
     A Guerra Civil Africana, produto do regime de apartheid, deixou o povo africano sem democracia durante dezenas de anos. E mais de 300 anos de segregação, segundo a inteligente deputada Benedita de Silva, do PT carioca, em fundamentado artigo na Folha de São Paulo.
     À posse do líder negro Mandela estiveram presentes mais de 179 chefes de Estado. A sua eleição foi aplaudida pelo mundo. Resta-lhe, como afirmei acima, um país destroçado, tendo que administrar, como presidente, uma nação de contrastes, os resquícios dos 300 anos de apartheid, as disparidades sociais e econômicas entre negros e brancos (estes, ricos) e dar estabilidade ao regime político, agora implantado. Terá uma tarefa gigantesca pela frente.      Certamente, não lhe faltará a capacidade, sucumbindo ao imobilismo inebriante do poder conseguido, após tanta luta.
     O presidente Mandela, agora, é cidadão do mundo. A paciência, somente comparável à de Mohandas Gandhi, continuará sendo o arcabouço e o embasamento de sua ação benéfica em prol do povo sul africano. Será, com certeza, a maior figura política deste fim de século. E no Brasil, somente Luís Carlos Prestes, também preso no governo ditatorial civil de Getúlio Vargas durante 7 anos, pela defesa sensata de seu ideal, terá algum paralelismo com Mandela (Artigo publicado, em 1993, no jornal Diário do Povo).

EM DEFESA DO PRÉ-SAL

     Tanta matéria (e/ou assunto) para escrever, mas sem nenhuma... tantos problemas para se criticar (ou abordar), porém, não se manifestam à minha mente; certamente cansada. Enjoada. Apática. Indiferente. Há uma vontade de fazer, contudo, o objeto transmudece (ou desaparece) na irresolução; na incapacidade real de materializar-se; na incerteza de que poderá acontecer. Todavia, resisto à incapacidade humana e à duvida cognocitiva dessa irrealidade. E procuro concretizar a objetividade determinando à minha consciência cansada, que algo deverá ser feito, realizado: a crônica (e/ ou artigo).
     Finalmente, o objetivo e/ou fato concreto impôe-se ao subjetivismo, clareando o subconsciente e a mente no sentido de que realize, concretize, a angustiante falta de matéria, que acossa o meu desejo de tornar real o assunto da crônica: e do fundo do subconciente emerge o pré-sal. A energia pretrolífera alojada milenarmente nas profundezas do subsolo marítimo entre os estados do Rio de Janeiro, Espirito Santo e São Paulo. E só no governo Lula, a Petrobras – nossa gigante! – a 5ª do planeta no setor, descobriu a riqueza. E vai explorá-la em parceria com outras empresas nacionais e estrangeiras, conforme projeto encaminhado pelo governo e a apreciação do Congresso Nascional – Senado e Câmara.
     O pré-sal é uma riqueza grandiosa, com 149 mil km². Por conseguinte, causa inveja ao mundo. Por isso, é cobiçada. Será como a nossa Amazônia: invejada e roubada, e sem a segurança necessária. Todas as empresas do mundo correrão para explorar o pré-sal. Será um campo de petróleo, porém, também, de impunidade, de violência comercial e industrial, de corrupção, de transações ilícitas, de pouco nascionalismo e civismo, e muita bandidagem, com pirataria, e tudo o mais de sórdido, que as relações comerciais e industriais podem produzir. Na amazônia pode tudo, menos o estado de direito democrático, com o ordenamento jurídico impondo as regras. Assim será no pré-sal. É assim na exploração dos cerrados, para a produção de soja. Foi assim na colônia, com a divisão das capitanias hereditárias. Assim também na ocupação do centro-oeste, com a construção de Brasília. Aconteceu o mesmo com as privatizações das empresas estatais. O processo de desenvolvimento econômico é sempre controverso e anti-jurídico.
     O Petróleo é nosso. A amazônia é nossa. Pão, feijão e as forças ocultas. Que sabe você sobre o petróleo? (Este escrito, por Gondin da Fonseca, lançado em 1955). Lí todos esses títulos. Exaltando o petróleo e a Amazônia, tudo na sua defesa, implorando a soberania do Brasil, com o petróleo e a floresta amazônica. A petrobrás, embora produzindo a gasolina mais cara do mundo, surgiu, num forte e exarcebado movimento nacionalista. Coisa do passado. Agora é o pré-sal.
     Bom, consegui escrever o artigo, após tanto adiamento e indecisão. Porque um verdadeiro vazio apoderou-se de mim. Daí adveio a forte dificuldade de fazer este trabalho. Mas o pré-sal, com as suas imensas jazidas de petróleo, a história do ouro preto, as espertezas que surgirão na exploração e na negociação das áreas, deram-me o conteúdo racionalista desta crônica. O pronunciamento de ontem do presidente Lula, em rede nascional, também ajudou-me na defesa da soberania do Brasil, com o pré-sal, o Petróleo, a Amazônia e os Cerrados.

PIRÂMIDE DA PONTE

     Pirâmide desnecessária. Pirâmide inconseqüente. Pirâmide do acinte. Pirâmide da decisão frouxa com os recursos do contribuinte. Afinal, para que 94 metros de altura da pirâmide da Ponte do Sesquicentenário de Teresina? Apenas para se vislumbrar a miséria do alto, deixando-nos cada vez mais distantes do sofrimento de milhares de teresinenses que habitam as favelas, em casas de taipa, cobertas de palha, e sem saneamento de água e de esgoto, sem calçamento e arruamento, e energia de péssima qualidade.
     Esses 94 metros de altura de torre da ponte, em ferro, cimento, areia... dariam para construir muitas casas dignas para minimizar as dificuldades de milhares, que moram em palafitas, em péssimas condições de habitabilidade, infestadas de mosquitos.
     Enquanto os governos constroem essa ponte, com uma pirâmide de 94 metros de altura, que servirá para os teresinenses ostentarem a “riqueza” num ponto de encontro olhando a cidade, milhares de teresinenses encontrarão imensas dificuldades na administração de sua “riqueza”, mesmo convivendo com a opulência dos ricos, através da suntuosa ponte, com torre de 94 metros para visualização panorâmica da capital.
     A inutilidade da torre é visível. Esse imenso bloco de cimento e ferro impõe-nos um olhar crítico e de desaprovação. Caracteriza a nossa profunda indignação relativamente aos 7 milhões de brasileiros que não têm casa e/ou moram em situação de risco profundo. Inclusive em área de grande risco de alagamento.
     Não discuto a edificação da ponte, mas da inútil torre estaiada, mesmo considerando a construção de um restaurante de alto luxo, também para os afortunados freqüentarem.
     Os administradores, construtores e políticos continuam irmanados para explorar e desviar dinheiro público. A torre panorâmica estaiada enfrentará as investigações “de praxe”. Os administradores jamais deveriam ter aceito uma planta dessa magnitude. Quantas casas, quantas fossas, quantos quilômetros de saneamento poderiam ser construídos com o dinheiro gasto nessa pirâmide!