No final da década de 70 e início da de 80 lutei possessivo e desesperadamente pela implantação de uma unidade cervejeira da Antarctica, atual AMBEV, no Piauí. Tendo sido mais fácil convencer aos empresários, dirigentes do grupo a investir no Estado, que sensibilizar as autoridades piauienses para recebê-los. Mas, afinal, foi implantada. Imaginei ser a redenção do Estado. E a deflagração do seu processo de industrialização. A implantação da planta representava o maior investimento privado. Depois desse grande empreendimento, poucos foram executados, tendo o seu nível. Implantar indústria é tarefa difícil. Depende de vários diagnósticos e fatores, além da decisão. A AMBEV agigantou-se. Tornou-se a maior cervejaria do planeta. E o projeto do Piauí é, hoje, uma miniatura em relação ao programa de expansão do grupo. A empresa prefere outros mercados.
Mas, o Estado está recebendo grandes plantas industriais. A da Suzano – a mais comentada – porque tem abrangência interestadual (Piauí e Maranhão), desbravando um setor historicamente fraco no Piauí. A planta de 2.3 bilhões de dólares. Criação de 18 mil empregos diretos e indiretos, exploração de ramo inédito e/ou pioneiro na sua vasta área de atuação. É uma planta estutrurante. Desbrava um ramo industrial novo na história piauiense. Por isso, as cautelas do Estado e dos empresários devem ser fortes. A Suzano já adquiriu milhares de hectares onde fará o plantio de árvores para abastecer a unidade industrial, com maciça intervenção no meio ambiente, que sofrerá um grande impacto, porque a floresta nativa será substituída integralmente, embora os cuidados da tradição dos empreendedores no setor. Porém, a Suzano, com o seu poder, já conseguiu elevar o preço do hectare da terra, que passou de R$ 50,00 para R$ 350,00. E para R$ 500,00. Contudo, antes desses valores, adquiriu muita terra barata. Também aumentou fortemente seu patrimônio imobiliário. É assim mesmo. O capital age dessa forma aqui e alhures.
O BUNGE se instalou em Uruçui ainda no governo Mão Santa. Também atua no Piauí e no Maranhão, com unidades extratoras de óleo de soja. Houve também a introdução de plantio de eucaliptos em várias fazendas. O perfil das microrregiões de Uruçui e Bom Jesus, bem como Benedito Leite, Balsas e São Domingos de Azeitão (MA)... melhorou, embora os índices sociais sejam degradantes. A BUNG opera regulamente na região. Essas empresas absolvem pouca mão-de-obra. É a modernização tecnológica. Há, ainda, os investimentos da Vale e da Transnordestina, esta em implantação, aquela em fase de pesquisa e de diagnóstico, que darão forte impulso às regiões de abrangência.
Mas, como conheço os Cerrados piauienses, especialmente as microregiões de Uruçui e Bom Jesus, tendo visitado inúmeras áreas do Cerradão, asseguro ao governador Wilson Martins que o investimento mais essencial e relevante ao Piauí e ás regiões dos Cerrados é a construção da estrada Transcerrados. Nenhum outro projeto de infraestrutura terá tanta repercussão, projeção e custo beneficio que essa estrada, ligando os pólos produtivos e facilitando o escoamento da produção. É radicalmente socioeconômico. Os índices sociais serão transformados e a área dos Cerrados quintuplicará sua produção com a valorização fantástica de bens e serviços, com forte repercussão no PIB estadual. Faça, pois, imediatamente, a estrada governador. Esta é a principal obra. É a prioridade número um de sua administração.
Esses investimentos não resolvem o problema da pobreza e da miséria do Piauí. Contudo, como a Antarctica em 80, minimizam as agruras de muitos coestaduanos. E o reinício (ou) a retomada. Mas fica muito distante de Pernambuco, que está aplicando R$ 46 bilhões, com a previsão de implantação de 120 indústrias.
quarta-feira, 9 de março de 2011
O GOVERNADOR, TRANSCERRADOS E INVESTIMENTOS PRIVADOS
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