segunda-feira, 14 de março de 2011

JUIZES AMEAÇADOS POR BANDIDOS


     “Vivi como um prisioneiro, sempre acompanhado por policiais. Mesmo assim, quatro bandidos armados ainda entraram na minha casa para me matar. Fui obrigado a deixar o Acre para proteger minha família”
     O juiz Pedro Francisco em treze anos de atuação no Acre, ele mandou para cadeia mais de cinqüenta traficantes e criminosos de colarinho branco, além do ex-deputado Hildebrando Pascoal – o homem que trucidava suas vítimas com uma motossera. Em 2005, a polícia prendeu um grupo de pistoleiros contratados para matá-lo.
     “Nunca mais terei uma vida normal. Acredita que o magistrado não pode se ajoelhar diante dos criminosos, mas não aconselho um juiz jovem a fazer o mesmo que eu. Você perde sua vida, de um jeito ou de outro.”
     Odilon de Oliveira, que atua há 24 anos no combate ao crime organizado próximo à fronteira com a Bolívia, e vive há quase treze anos com escolta 24 horas por dia.
     Na magistratura faz 24 anos, Odilon foi responsável pela prisão de mais de uma centena (100) de criminosos ligados ao tráfico internacional de drogas. Somente nos últimos cinco anos, determinou o seqüestro de 260 imóveis usados pelas quadrilhas. Sua cabeça está a premio. Em 1998, quando sofreu a primeira ameaça de morte, ela valia uma fazenda no Paraguai. Hoje, a recompensa gira em torno de 300 mil dólares. Nos últimos anos a Polícia Federal descobriu oito planos para executá-lo.
     “A Polícia Federal descobriu um plano para seqüestrar meus filhos e me obrigar a aceitar a transferência do Fernandinho Beira-Mar para o Rio de Janeiro. Fiquei uma semana dormindo em locais diferentes todas as noites. Tinha de levar meu caçula, de 3 anos, para o fórum comigo. Se tivessem conseguido seqüestrar meus filhos, como seria minha decisão?

     Juíza Raquel Corniglion
     A juíza Raquel Corniglion sobe o que o nome e a ficha de um criminoso podem significar na hora de tomar uma decisão. Ela atuou na área de execução penal do presídio de segurança máxima de Campo Grande entre 2007 e 2009, quando a cadeia tinha como detento o traficante Fernandinho Beira-mar. Em 2008, Raquel teve de decidir sobre um pedido de transferência de Beira-mar para o Rio de Janeiro. Durante o andamento do processo, a polícia descobriu que o bandido mais perigoso do país planejou raptar os filhos da juíza para força decisão a seu favor.
     NB.: Três depoimentos à Veja de juízes que determinam a prisão e a posterior condenação de indivíduos que integram os bando do crime organizado. Os magistrados são permanentemente ameaçados de seqüestro e mortes, enquanto a Polícia Federal dar-lhes proteção dia e noite. A condenação desses bandidos é o começo da solução para extinção do crime organizado. Entretanto, necessita de mais magistrados estaduais e federais. O número é pequeno para a vastidão do Brasil e a quantidade de crimes cometidos, notadamente nas fronteiras e nos grandes centros.
     Esses juízes cumprem, entretanto, um dever institucional. Precisam de mais proteção policial. E de salários mais condignos. Devem ser muito bem pagos. E não convem querer comparar com quem recebe salário mínimo. Os magistrados podem ser apenas professor. E todos sabem dos baixos salários que os professores recebem.
     Coloco os depoimentos desses juizes no Blog Magno Pires porque conheço depoimentos de magistrados sobre a sua atuação profissional. Conheço desvio de conduta de membros, inclusive, pela imprensa, mas é uma minoria, certamente insignificante para o universo. O CNJ e o CNMP, porém, têm combatido eficazmente os desvios. A justiça tem malhado o seu desempenho. Tem avançado na solução mais rápido dos casos que lhe são submetidos.
     
O Brasil tem 2000 Juízes Federais, 500 deles atuam na esfera criminal.

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