Quanto mais desigual o pais, piores seus indicadores sociais, mais ruinosos seus indicadores de desenvolvimento humano e mais altas suas taxas de insegurança econômica e ansiedade – diz Dominique Strauss-Kahn, diretor-presidente do Fundo Monetário internacional (FMI).
Os números de 1992 mostrando que 20% das pessoas mais ricas do mundo eram donas de 82,7% de toda a renda e da riqueza do planeta assumiram o perfil da taça de champanhe que, segundo a lenda, foi moldadas nos seios da rainha Maria Antonieta.
Mas estudos feitos em 2006, também pela ONU, mostram o acirramento da desigualdade. O mapa da desigualdade desenhado em 1992, na forma de uma taça de champanhe, projetado para 2006, mostrou que a concentração da riqueza e da renda passou para 85% e 11% da população, enquanto 1% da população possui 50% da riqueza planetária.
Os abismos sociais, provocados pela concentração da riqueza e da renda, afetam a realidade das pessoas – estejam elas no topo ou na base social.
Strauss-Kahn avançou a discussão ao afirmar que a desigualdade não é apenas um sistema de distorções econômicas e sociais que, uma vez corrigidos, influenciaram beneficamente todos o conjunto.
Strauss-Kanh está reverberando outras vozes, segundo as quais, não é somente a pobreza que fere – o que machuca mais o ser humano em todas as suas dimensões é a pobreza próxima da riqueza.
Mas, quem melhor materializau essa abordagem pós-ideológica e pós-caritativa do problema da desigualdade foi a dupla de epidemiologistas ingleses Richard Wilkinson e Kate Pickett, autores do livro The Dpririt Leval (O Nível Espiritual). Descobriram que os fenômenos sociais são mais ou menos influenciados pela desigualdade de renda e riqueza.
Alertam as epidemiologistas ingleses que as desigualdades de renda e concentração de riqueza provocam ansiedade mórbida e aumento na população carcerária; além do desemprego, lares desfeitos, criança fora da escola, prevalência de drogas ou concentração populacional.
O ideal é que o fosso material a separar as pessoas seja menos profundo. Tudo funciona melhor em um ambiente com diferenças menos agudas. Menos gritantes como no Brasil, particularmente, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A concentração de pessoas em favelas, onde há fortes desigualdades de renda e de riqueza, tendo em volta segmentos sociais de alto padrão econômico e social, provocam nessas favelas, a concentração do trafego de drogas e outras mazelas sociais. O norte e o Nordeste, historicamente pobres, com áreas miseráveis, são outro exemplo dessa furtigante desigualdade.
A própria população carcerária brasileiras de 498.487 presos, o trafego de drogas, prostituição infantil..., são outras fontes que provocam intensas e crescentes desigualdades, difíceis de ser resolvidas, embora o Bolsa-Família, as pensões do INSS, porque os recursos despendidos são insuficientes para combater essas históricas distorções. E as políticas públicas não suprem essas necessidades com o cunho de resolvê-las.
Esses estudos de FMI, da ONU e desses epidemiologistas ingleses, analisando as desigualdades de renda e riqueza, que aumentam assustadoramente no planeta, requer dos homens públicos, da sociedade e dos próprios ricos, atitudes diferentes no manejo de seus bens materiais, cuja administração e/ou gerenciamento deve ser dirigido para minimizar as agruras dos bilhões de pobres do planeta, inclusive dos milhões de brasileiros. (Anotações retiradas da revista Veja, 26.1.2011, p.73)
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
ABISMO DA RENDA E DA RIQUEZA (I)
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