quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

BOM JESUS E URUCUÍ

      Municípios conflagrados. Litigiosos. Intensos conflitos fundiários. Grilagem em terras públicas e privadas. Ausência do poder público. Crime organizado montado e fortalecido devido à demência do Estado. Pseudos investidores, notadamente do Sul e Centro-Oeste, comandam a grilagem de terras e afastam os verdadeiros empreendedores. Bancos oficiais emprestam recursos e recebem como garantia áreas rurais que pertencem ao Estado. Escrituras e registros de imóveis falsos. Há uma insegurança jurídica enorme.
      Esse é o quadro resumo da situação em Uruçuí repassada por um homem de negócios! Ratificada por um corretor de imóvel. Adiantou-me, mais ainda, o corretor: os negócios com áreas rurais estão paralisados. E refletem nos demais. Os compradores de terra afastaram-se. Desapareceram. Tudo devido aos grileiros que agem abertamente. Persistem fazendo negócios em áreas griladas.
      O homem de negócio e o corretor ressaltaram ainda mais: um grileiro montou uma escritura com 25 mil hectares, com registro de imóveis e georeferenciamento, na Data São Domingos de 27 mil hectares. Toda a área de Cerrado da referida Data foi excluída e grilada. Ficaram apenas as partes baixas, que correspondem a 2 mil hectares da Data São Domingos, onde os legítimos proprietários moram e trabalham há anos. O clima é tenso, justamente porque os verdadeiros donos sofrem um esbulho. E toda essa malandragem estaria sendo patrocinada pelo sr. João Batista – o famoso JB – , também conhecido em Bom Jesus, pelas negociatas com terra. Seria o mesmo da Serra Vermelha? Com aqueles 300 fornos queimando madeira para carvão?
      E mais: recentemente foram vendidos milhares de hectares de terra em Bom Jesus. Salvo engano, próximo à Cotrirasas. Os compradores estão tendo enormes dificuldades para receber as escrituras porque os limites não conferem. A escritura e o registro de imóveis retratam uma coisa e a realidade física é outra.
      Evidente que esses documentos que “regularizam” essas terras são emitidos pelos cartórios que “oficializam” toda a documentação.
      Todo o processo histórico de desenvolvimento econômico em regiões que são desbravadas registram essas situações irregulares. E não será feito de outra forma. Foi assim na Europa, nos Estados Unidos e está sendo da mesma forma no Brasil. Especialmente no Centro-Oeste e Norte do país. Mormente em áreas com baixo índice de desenvolvimento e onde o poder público é frágil e/ou ausente.
      Há poucos dias o desembargador Luiz Brandão, vice-presidente do TJ do Piauí, determinou que a Polícia Federal fizesse uma operação para prender grileiros, empresários, servidores públicos e juiz... envolvidos, com o crime organizado, grilagem, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Os bandidos estão presos em Teresina. Agiam em Corrente e Parnaguá com grilagem.
      Enquanto o Governo Federal e os estaduais, numa operação conjunta não constituírem uma comissão permanente para estudar, analisar e regularizar as terras dos Cerrados, incluindo os Estados do Piauí, Bahia, Maranhão e Tocantins nada será solucionado, nessas inóspitas áreas, porque os grileiros investem duplamente na ineficiência do Estado e no crime organizado. Afastando os empreendedores sérios. Estados perdendo investimentos, porque o crime ainda é mais forte que o Estado, enquanto esse não age. E quando decide agir, resolve, como a guerra contra os traficantes do Morro do Alemão. O Estado quis e está resolvido.

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