O que move a política são os interesses econômicos, financeiros, pessoais. E fortes emoções.E jamais haverá alianças e coligações partidárias sem o atendimento precedente dessas considerações. A filosofia, a doutrina, os programas, planos e projetos das agremiações políticas, embora discutidos, até antecipadamente, na verdade, influem pouco à consolidação e materialização de políticas públicas diante dos acordos firmados pelos responsáveis pelos partidos. Justamente porque as preocupações individuais suplantam as dos partidos. E as de seus programas. Evidente que essa concepção vem mudando lentamente. E ainda levará muito tempo para alcançarmos pelo menos níveis desejáveis. Essa percepção é fragmentária na Europa e nas nações desenvolvidas. A cultura colonialista e escravocrata não foi extinta em países africanos, asiáticos, sul americanos e latinos. Na América do Sul e Caribe os conceitos persistem e a erradicação é negócio para milhares de anos. Todo processo cultural é de difícil substituição. No Brasil, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, justamente as menos desenvolvidas, a política partidária é profunda e intensamente arraigada, consequentemente movida, por interesses individuais de grupos econômicos, corporações e famílias. O Estado patriarcal, patrimonial, burocrático, ainda determina as regras ou dita a forma como deverão ser materializados. E no Piauí, não é diferente. E assim será formatado e executado. Os grupos familiares têm muito poder político no Piauí.
O momento mais difícil da sucessão de 2010 da política piauiense foi consumado com a hábil e inteligente pontuação do vice governador Wilson Martins. Venceu porque foi humilde; dialogou intensamente; tendo sido incansável e determinado. Exerceu a política inserido nas conotações ressaltadas acima. Compreendeu, com muita astúcia, o quadro posto, mas reconhecia que estava percorrendo ou atuando num cenário e/ou em ambiente de vícios políticos históricos, petrificados no conjunto social, que é sobretudo patriarcal ou familiar e patrimonial. Entretanto, transitou com galhardia, segurança e indiferença às vicissitudes históricas porque poderiam obstacularizar o longo curso do trabalho que pretende fazer no Piauí e pelo Piauí, como governador, não só de 10 meses, mas de mais 48 meses.
Fiz todas essa considerações iniciais históricas sobre política para falar no “seu” João e no senador João Vicente relativamente ao momento político do Estado. Os homens muito ricos têm também muita sensibilidade. Eles não vivem indiferentes ao mundo. São antenados para saber o curso das transações comerciais, industriais, financeiras, políticas, principalmente as políticas, porque reconhecem que o Estado patrimonial brasileiro, emoldura as alianças e coligações políticas. E no Piauí esse balizamento é fundamental às negociações lastreadas no Estado. Os interesses de grupos econômicos no Estado é denso. E poucos conseguem sobreviver sem esse entrelaçamento. Poucos podem preservar os seus negócios, sem a perna no poder público.
O PTB do “Seu” João (PRTB) está arredio. Aliás, do senador João Vicente. Até quando, porém? O senador João Vicente quer ser candidato ao governo em qualquer circunstância. Pois, compreende que foi traído pelo governador Wellington Dias ao optar por Wilson. Não é recomendável essa postura política. O “seu João” sempre foi um homem moderado e flexível. Homem do dialogo, da conciliação. Os ricos e grandes homens de negócios pautam-se pela paciência, humildade, moderação... e quando dialogam, fazem bons negócios. “Negociar” a posição do senador João Vicente, relativamente à vice governadoria, será a última decisão do grande homem de negócios. O “seu” João e o senador ganham tempo. ! Mas, inexoravelmente, fará uma composição com Wilson.
O grupo nunca esteve na oposição. Sempre foi governista. E, agora, com a responsabilidade de ser presidente do PRTB, sabe muito mais que a política não tolera radicalismos inconsequentes. Por isso, haverá de (re)conciliar e transigir para manter espaços e não desestruturar negócios. E o senador acompanhará o genitor, certamente sem magoas e ressentimentos, porque assim exige o momento político. “Seu” João não fará criticas. Percorrerá sobre posicionamentos que julgar prudentes. Deus os oriente na undécima hora.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Sucessão: “Seu” João e o Senador
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