quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Juros – Coisa de Bando

     Persistirá o banditismo na cobrança escorchante da taxa de juros no Brasil. Está colocada entre as mais altas do planeta. Oscila entre o primeiro e o terceiro lugar no “ranking mundial”. E nenhum governo, nem sequer Luis Inácio Lula da Silva, resolveu esse problema estrutural do sistema monetário e das instituições bancárias nacionais. Embora haja reduzido as taxas consideravelmente. È, porém, o mais angustiante problema de nossa política monetária, que se tornou insolúvel. Perdi a fé. Justamente no governo de lula, porque sua origem humilde e popular, tendo vivido e presenciado sacrifícios históricos desde a infância. E convivendo com uma base sindical, política e econômica moderna, consequentemente contrária aos modelos conservadores, imaginava que daria novo norte a essa tragédia dos juros absurdos. Reduzindo-os para patamares civilizados. Aceitáveis pelo próprio mercado capitalista. A taxa de 8,7% a.m. ainda é altíssima para um país que pretende desenvolver-se adequada e sustentavelmente. Contudo, com esse esbulho não conseguirá. A competitividade está sacrificada irremediavelmente. Os índices de crescimento serão sempre pífios diferentemente das taxas alcançadas pela China, Índia, Chile...
     Os governos da União, o Senado e a Câmara, bem como os chefes dos Executivos estaduais tornam-se indiferentes, portanto, incapazes, para solucionar a política de juros porque os banqueiros e as construtoras, especialmente aqueles (bancos), são os que mais doam recursos para as campanhas eleitorais. E assim perdem a capacidade para montar uma nova política monetária, com a redução dos juros, para um patamar que favoreça o desenvolvimento permanente das atividades industriais e comerciais notadamente, sendo realmente indutoras do crescimento do Brasil. E que assegurem a continuidade das políticas sociais, como o Bolsa-Familia, por exemplo.
     Citarei apenas três casos típicos para ratificar a imoralidade que é a política de juros. Evidente que bancos e banqueiros, assim como técnicos dos governos ligados ao Banco Central e aos bancos privados, consultores empresariais, concordarão com a velha tese, já falida, de que os acordos de Basiléia, capital mundial dos banqueiros, na Suíça, devem ser preservados, sob pena de levar o sistema financeiro mundial à falência e à desordem, trazendo prejuízos incalculáveis à ordem econômica e financeira do planeta. Desestruturando o sistema monetário.
     O HSBC, banco múltiplo e transnacional, cobra as taxas a seguir: empréstimo rotativo 11,40% a.m., parcelado 10,34%, saque 12% a.m., com um CET – Custo Efetivo Total de 306,69% a.a. É imoral a partir da regulação pelo Banco Central, que permite esse roubo, alegando que o governo precisa preservar esse patamar.
     O Banco do Brasil, banco oficial, cobra nos cartões de crédito as taxas relacionadas: crédito rotativo 12,44% a.m., com o IOF adicional e diário ascende para um Custo Efetivo Total anual de 345,53%. Saque no Brasil, também pelo cartão de crédito, 12,44% a.m., atingindo também 345,53% no ano. A taxa de cheque ouro é de 7,29% a.m. e no ano 132,65%, com um CET – Custo Efetivo Total de 149,18% a.a. por que a taxa mensal altera-se para 7,79%.
     Não é um assalto a mão armada? Mas todos os bancos, banqueiros e técnicos alegam que é o Banco Central, o governo, que autoriza essas taxas. Justamente porque a política monetária é de sua inteira e absoluta responsabilidade. E essa política, essas taxas absurdas, continuarão sendo praticadas. Perdi realmente a fé, em qualquer modificação e/ou alteração dessa política. E perco tempo escrevendo sobre esse problema. É coisa de bando mesmo: oficial e privado, nacional e transnacional.

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